quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

ARTIGO: A ESCOLA, NOSSO PALÁCIO (II)


Rio - As palavras nos contam muitas coisas, mas é preciso freqüentar muito as aulas, passar bastante tempo nas escolas e prestar atenção aos professores que para ensinar aos alunos usam os livros.
Livro também veio do latim líber. Quem se dedica aos livros vive em liberdade, do latim libertas. Os livros e os professores nos libertam, isto é, nos livram da ignorância. Eles fazem isso nas escolas.
Nós deveríamos passar muito mais tempo nas escolas. É lá que se aprende, pois lá estão os professores, as salas, as bibliotecas cheias de livros, os laboratórios etc. E, claro, lá também estão os campos de futebol, as quadras de vôlei, as cantinas, que ninguém é de ferro.
Eu, que terminei de escrever este artigo, vou agora caminhar um pouco e olhar a paisagem. Fiquei muito tempo sentado e estou com os olhos cansados.
Depois, descansado, escreverei outro. Até de repente, então. Espero que vocês tenham encontrado nesse texto um sabor semelhante àquele que encontrei nos textos que li para descobrir isso, escritos por pessoas de saber.
Pessoas de saber têm sabor no que falam, não são como esses chatos que não lêem nada e por isso têm uma conversa insossa, sem tempero, limitada à fofoca. São pessoas cujo único assunto é a vida alheia.
O mundo mais interessante está nos livros. E mesmo o que está fora dos livros é visto de modo mais interessante depois que lemos alguns livros importantes. Foi exatamente isso que eu fiz. E por quê? Porque tive boas professoras e bons professores.E para terminar, vou lhes dizer uma coisa: jamais esquecerei a minha primeira professora, que me ensinou a ler a e a escrever. Ele me abraçava carinhosamente para me ensinar quando eu errava uma palavra.
Aliás, falta contar para vocês mais um segredo: faz tempo que eu ensino a minha professora. Ela está bem velhinha e aprende comigo lendo os meus artigos. E, orgulhosa, diz a todo mundo, mostrando o que eu escrevo e enchendo a boca com o meu nome.
Ela conta a história de sua vida e diz que eu faço parte da vida dela. Ela diz assim: “sabem, este aqui, o Deonísio da Silva, ele não sabia nada, nem ler, nem escrever. Um dia, acompanhado de seu pai, ele chegou à escola onde eu dava aulas. Ele foi meu aluno!”. Ela diz com muito orgulho isso. E eu também, digo com muito orgulho que eu fui aluno dela.
Nunca chamei minha professora de tia. Mas compreendo o motivos de ela ser chamada assim. É que o professor e a professora, não sendo nosso pai, nem nossa mãe, parecem irmãos de nossa mãe ou de nosso pai. O irmão de nossos pais é nosso tio. E a irmã de nossos pais é nossa tia.


* O escritor Deonísio da Silva, Doutor em Letras pela USP, é professor e Coordenador Geral do Curso de Letras da Universidade Estácio de Sá.
Extraido do site: www.odiaonline.com.br
Foto: www.plataforma.paraapoesia.nom.br

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